terça-feira, 25 de dezembro de 2012

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    "Era o melhor que podíamos fazer. Viver sozinhos. Já nenhum segundo aguentava a disparidade das nossas vidas e foi o fim que nos deu o sinal. Que algo já não estava bem, que alguma coisa andava mal. Foi o fim que nos bateu à porta e nos dilacerou a vontade. Ninguém nos amava mais mas a algum momento de todas as nossas vidas ensinaste-me que isso, por si só, não chega. É preciso entender, compreender, abrir as fendas e deixá-las secar para que algum conjunto possa evoluir. Acho que nos perdemos na altura em que não soubemos como viver o facto de nos amarmos como ninguém. O facto de não podermos ser de mais ninguém porque mais ninguém nos amaria deste modo. Acho que foi preciso o fim. Para nos ensinar que para amar não basta amar. É preciso ser e fazer mais que isso. E nós, minutos antes do fim da linha, não soubemos como caminhar sobre nós. Desgastá-mo-nos a tentar salvar uma coisa que era preciso acabar. Hoje acredito que precisávamos do fim para entendermos que amar não é só isso. Amar é fazer mais do que isso. E que nós, minutos antes da linha, nos perdemos ao achar que tudo se resolveria sobre isso. Amar. Esquecendo que isso não é só um verbo mas sim uma maneira de continuar. Saber viver. Andar, cair e levantar. Abrir o coração e moldar as aparências. Esquece-mo-nos de saber como se fazer e tentamos continuar a estrada que ditava o fim. Hoje acredito que era o melhor que poderíamos fazer. Viver sozinhos. Sem nós. Para nos lembrarmos de quanto, ainda depois de tudo, somos tão bem um do outro. Tão bem corpo do próprio corpo. Mão sobre as nossas próprias mãos. Irei adorar-te sempre. Amar-te. Mesmo que o caminho nos ensine também que o amor não viveu para nos amar mas que nós o amamos até morrer. Que nós o aproveitamos até acabar. Sabendo nós, mesmo, que nunca irá acabar... Nunca irá morrer... Nunca irá voar."

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